domingo, 24 de abril de 2011

 


Vej
formação da Bacia do Araripe

 © Arqueologia Piauí

Os atuais continentes africano, sul americano, antártico e a Índia ainda faziam parte de um mesmo grande bloco continental quando começou a se formar a Bacia do Araripe na região do Cariri, que ficava na área central desta grande porção de terra emersa chamada de Gondwana. A região de rochas duras e muito antigas tinha sido erodida pelo intemperismo (chuvas, ventos, variações de temperatura etc.) e fraturada em imensos blocos de granito, uns deslizando para baixo e outros permanecendo mais altos, formando serras.

A região do Araripe foi uma área que ficou mais baixa, e assim os rios foram trazendo fragmentos de rochas, areia e lama das serras próximas e depositando neste baixio, durante o período de tempo entre o Ordoviciano e o Siluriano, correspondendo ao que hoje chamamos de Formação Cariri. Nesta época, não existiam plantas terrestres e os rios corriam para o noroeste.

Por algum motivo que não sabemos (pois não há registro geológico), depois de certo tempo tudo secou e foi parcialmente arrasado. Uns 270 milhões de anos depois, novamente a região do Cariri tornou a ficar baixa, talvez por movimentos internos do continente Gondwana, que começou lentamente a se espalhar latitudinalmente (para os lados), formando áreas altas e baixas.
 © Diário do Nordeste

A região do Araripe ficou baixa novamente e foi sendo alagada, formando lagos rasos e brejos, como a Formação Brejo Santo registra. Com o passar dos tempos, os rios ficaram maiores e começaram a trazer mais seixos, areia e lama das colinas próximas, que agora já estavam cobertas por bosques de altas coníferas. E assim se depositou, no mesmo período geológico (o Jurássico), a Formação Missão Velha, cheia de troncos petrificados. O Gondwana agora começava a partir-se em continentes menores, e o Araripe continuava como uma área baixa, cheia de água e de sedimentos trazidos por rios, talvez formando um delta. Este tempo, bem no início do Cretáceo, é hoje registrado pela Formação Abaiara.

Em momento posterior (não há registro geológico definidos), tudo secou e foi parcialmente arrasado. Mas, depois de uns 10 milhões de anos, quando a América do Sul já havia se separado definitivamente da África e o oceano Atlântico Sul estava sendo formado (e talvez até por causa desta separação), mais uma vez a região do Araripe ficou suficientemente baixa para formar novos rios e até um delta para o sudeste, onde havia terras ainda mais baixas.

Isto é registrado pela Formação Barbalha (às vezes chamada de Formação Rio da Batateira) e confirmado por restos de peixes e de conchas fósseis que nela se encontram. Com o passar dos tempos, formaram-se planícies alagadas e até um lago de água doce. Neste lago existiam muitos peixes pequenos, crustáceos e algas, e era constantemente sobrevoado por insetos e pterossauros. No meio da vegetação baixa dos alagados havia rãs, lagartixas, aranhas e escorpiões.
 © Geopark Araripe Blog

Tudo isso foi registrado na pedra cariri da Formação Santana, num tempo que corresponde quase ao meio do período Cretáceo. O clima era quente e úmido, mas foi ficando cada vez mais seco, talvez pelo aquecimento global que ocorreu naquela época.

O lago diminuiu sua extensão e secou, formando espessas camadas de sal (gipsita) no fundo, como registram as camadas Ipubi da Formação Santana. Mas depois o clima ficou novamente mais ameno e na região formou-se um ambiente de lagunas costeiras, talvez com eventuais entradas de águas marinhas e fluviais. Desta época (quase ao meio do Cretáceo) são os peixes, crocodilos, tartarugas, pterossauros e dinossauros hoje preservados em concreções calcárias da Formação Santana. Posteriormente, toda a região foi assoreada e secou (formações Arajara e Exu), deixando impressa nas rochas uma história que ninguém viu.
"A Bacia do Araripe ficava na área central da grande porção de terra emersa chamada de Gondwana"

Texto: Dra. Maria Helena Hessel
*Licenciada em História Natural e mestra em Paleontologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e PhD em Paleontologia e Geologia Histórica pela Uppsala University, Suécia. Atualmente é pesquisadora da Universidade Federal do Ceará no Campus Cariri, coordenando um curso de especialização (pós-graduação sensu lato) em Paleontologia e Geologia Histórica, a ser oferecido em convênio com a Urca, em agosto de 2009

Fonte: Diário do Nordeste

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Austrália, terra de gigantes

Leão Marsupial  / Thylacoleo Carnifex
© Adrie e Alfons Kennis

Imagine estar em uma terra de animais gigantes, não dinossauros, mas megamamíferos. Pois é, isto não era impossível a milhares de anos atrás, na Austrália. Ela abrigou uma megafauna de animais estranhos e enormes, que tiveram a triste decepção de conhecer o homem. Ele podiam enfrentar animais como eles que agiam apenas para comer e sobreviver, e que não usavam de meios tecnológicos para abater o inimigo. Mas o homem era um animal capaz de aprimorar essas tecnologias e usar em benefício de si.
Pássaro-do-trovão-de-stirton / Dromornis Stirtoni
© Adrie e Alfons Kennis

E certa região australiana encontraram-se aberturas bem profundas no solo, os chamados fojos que levavam a um imenso salão subterrâneo, lá os paleontólogos descobriram seres jamais vistos, descobriram a megafauna. Cangurus de 3 metros de altura e capazes de erguerem seus braços acima da cabeça para se alimentar da copa das árvores. Estimaram que ele poderia ser bem desengonçado por ter um número enorme de achados fósseis, nos fojos. Os fojos eram armadilhas feitas pelos homens que viviam na caverna, onde o animal caia e morria por causa da queda.
Canguru-Gigante-De-Focinho-Curto / Procoptodon goliah
© Adrie e Alfons Kennis

Uma característica que quase todos tinham em comum era o fato de serem marsupiais, ou seja ter a famosa bolsa para abrigar o filhote nos primeiros meses de vida. Não eram só os mamíferos que faziam parte dessa megafauna, também existiam aves gigantes, como a Moa e a Águia-de-haast, que foi a maior que já existiu. O intrigante é que não se sabe realmente a causa dessa extinção, mas a data em que o homem povoou a Austrália é semelhante a data de extinção desses animais, e é algo que pode ser possível, pois o homem hoje é a causa da extinção de muitos animais. Mas independente de tudo, não se pode deixar passar a oportunidade de descobrir mais e mais animais dessa exuberante megafauna.
Tapir-Marsupial / Palorchestes painei
© Adrie e Alfons Kennis

Marsupial-Gigante / Diprotodon optatum
© Adrie e Alfons Kennis

Texto: Rárisson Jardiel S. Sampaio

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Exposição Geopark Araripe

 Quadro com espécies de Pterossauros

Hoje vou falar do Geopark Araripe, mas para primeiro começar-mos a falar temos que saber o que é um Geopark, e pela sorte que tenho o único no Brasil está aqui no Nordeste bem pertinho de onde moro. Então vamos lá, o que é um Geopark?
Réplica de dinossauro

" É um território com limites definidos e que possui sítios de grande valor científico cujos patrimônios socioeconômico, cultural, histórico, ambiental e geológico apresentam importância, raridade, riqueza em biodiversidade e contam a história da terra e conferem identidade ao lugar. Nesse território está localizado um determinado número de sítios geológicos e paleontológicos, selecionados conforme a relevância das suas características para a história da terra. Apesar do destaque principalmente relacionado ao patrimônio geológico, também se considerou a ocorrência de outros aspectos fundamentais relacionados à biodiversidade, história, cultura, arqueologia, dentre outros."

Quadros com desenhos de organismos fossilizados

Réplicas de Pterossauros, os mais abundantes na região

Pronto, tudo que precisamos saber para continuar a postagem. Os Geoparks tem grande valor para paleontologia porque nestes lugares a variedade de fósseis encontrados é surpreendente, em minha cidade Missão Velha-CE, é considerada uma floresta fossilizada, foram encontrados vários troncos petrificados de até 1 milhão de anos. Mas o Geopark Araripe não se limita a uma cidade apenas, mas todo o Cariri. Cidades como Crato, Juazeiro, Barbalha, Santana do Cariri e outras, tem grande variedade em achados fósseis. Quem diria que o Angaturama, primo do Espinossauro era Cearense? pois é, ele foi encontrado em Santana do Cariri, e na Chapada do Araripe, ambas são da mesma região. E essa união de estudos não só paleontológicos, mas também Geológicos, vem pesquisando e escavando as terras da Chapada em busca de novos achados.

Réplica de fósseis de alguns peixes e insetos


Fósseis reais de pequenos peixes, facilmente encontrados em calcário.

Essa semana a URCA (Universidade Regional do Cariri) vem promovendo uma exposição com todos estes recursos na cidade do Crato-CE, eles estão em um evento que vai do dia 11 ao dia 18 de julho, a Expocrato que é outra exposição, com festivais e comidas. Trabalham com leilões de animais bovinos, caprinos, equinos e etc. E como trazem várias atrações, a exposição do Geopark é uma delas, a entrada é de graça, e na exposição do Geopark eles trabalham com vídeos, réplicas e também uma área em que você pode divulgar sua paleoarte.

Eu na área de desenhos, desenhando um Velociraptor


 Renan e Flaviana ao meu lado, cursam Biologia na URCA e são instrutores ajudandes da exposição.

É claro que não fiquei de fora dessa e deixei um desenho meu lá feito na hora, mas para quem ainda não sabe desenhar, pode apenas pintar e se divertir com a região do Araripe detalhada em cada cidade, com suas riquezas geológicas, paleontológicas e arqueológicas. Vários quadros, pinturas, réplicas, maquetes e etc. Tudo isso você pode dispor com uma ótima equipe de instrutores ajudantes da URCA. Então é isso, vale bem apena visitar estas exposições e conhecer mais a Chapada do Araripe. Deixo um vídeo que gravei lá, mostrando a evolução do planeta, e no final do ano a sede do Geopark deve estar construída do Crato em frente a URCA. até mais pessoal.

Quadros que mostram a evolução dos continentes e do povoamento na Terra.
video 

Fontes:

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